A gravidez é um momento de muitas dúvidas por parte da gestante, tanto com ela quanto para o bebê. Cuidar da saúde em geral é fundamental para a mãe e para a criança, e a saúde bucal, especialmente, é muito importante neste momento.
Os cuidados com a saúde bucal da mulher grávida são os mesmos de qualquer pessoa, mas é preciso se atentar a algumas questões específicas. Quem garante é a professora Mariana Minatel Braga Fraga, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, convidada do programa Momento Odontologia desta semana.
“É preciso focar no controle da higiene bucal, para evitar a cárie e a doença periodontal, doenças comuns durante a gestação, e,ainda, no controle da dieta”, explica a professora. Essas doenças são comuns na gravidez, porque as gestantes costumam se alimentar mais, principalmente alimentos doces. Mariana ainda alerta que “é importante cuidar para que isso não se exceda ao longo do dia”.
Os dentes durante a gravidez
É comum que os dentes da mulher sofram algumas alterações durante o período de gestação, mas a professora ressalta que esses problemas não têm relação com a gravidez em si. Segundo Mariana, os dentes estão sempre passando pela desmineralização e remineralização, processo que ocorre naturalmente e não em função da gravidez. “Um desequilíbrio nesse processo, causado pelo biofilme presente sobre a superfície dos dentes, leva a alterações. Na gravidez, isso acontece porque a grávida come mais vezes, especialmente alimentos açucarados.”
Diferente do que muitos pensam, a gravidez não enfraquece os dentes, garante Mariana. Essa história “não passa de um mito”, ressalta. Ela ainda destaca que “o bebê não rouba o cálcio ou os minerais do dente da mãe”. A explicação, diz a professora, é a gestante ter cárie pela alteração nos hábitos alimentares e o consequente processo de desmineralização e remineralização.
Riscos para o bebê
A cárie dentária durante a gravidez não prejudica diretamente o bebê, mas pode estar relacionada a algumas questões que precisam ser acompanhadas por um profissional. A cárie pode liberar substâncias na corrente sanguínea, que são capazes de alterar a contração uterina e induzir a um parto prematuro. “O mesmo acontece com doenças periodontais, portanto, é necessário o acompanhamento, mesmo antes do período de gravidez.”
Mau hálito
Segundo a professora, a gravidez não tem relação direta com o mau hálito, mas algumas situações que a mulher enfrenta, sim. Entre as condições estão a xerostomia, mais conhecida como boca seca, a ingestão frequente de alimentos, especialmente os adoçados, e falta de higienização correta. Mariana ainda explica que, por conta do forte enjoo, muitas grávidas não conseguem fazer a higienização da língua, o que também pode favorecer o mau hálito.
Anestesia
Muito se fala que a grávida não pode tomar anestesia, mas, se necessário, “ela deve tomar anestesia”, destaca Mariana. “Se a grávida precisar de algum procedimento que possa gerar dor é preciso anestesiar, porque é muito mais danoso para ela sentir dor do que tomar anestesia.”